Opinião #41 - O Homem Duplicado



Imagine descobrir que há alguém exatamente igual a você. O que você iria querer saber, e até onde iria para descobrir algo sobre essa pessoa?



Não é só esse o propósito do longa-metragem baseado no livro homônimo de José Saramago (Ensaio Sobre a Cegueira). Assim como no filme do seu livro mais conhecido recentemente, Ensaio Sobre a Cegueira, Saramago, e o diretor do filme baseado em suas ideias, levam uma crítica socio-psicológica(?) ao pé da letra, colocando o homem moderno como alguém tão semelhante que só num caso extremo é descoberto como impostor.

A fotografia do longa é opaca e surrealista. Não teme criar cenários inimagináveis, porém cabíveis dentro da trama, como a infinidade de prédios semelhantes e impossíveis que nem sei se existem de fato. Ao mesmo tempo as locações, muito fora do padrão hollywoodiano são tão "naturais" que me foi possível lembrar de diversos locais das cidades onde morei, algo incomum em qualquer outro filme que tenha visto, ao menos de paisagens urbanas.

O CGI que não podia faltar foi utilizado de uma forma diferente, reafirmando a mistura de surrealismo e realismo que há nos próprios romances do escritor português. O elenco está bem, mas é Mélanie que se destaca, já que Gyllenhaal fez personagens mais peculiares em O Abutre e Os Suspeitos.

Depois de um arriscado Os Suspeitos Denis Villeneuve me pareceu fazer um filme mais contido e acertou em cheio. Daqueles que ficam na cabeça durante um certo tempo.

Diretor: Denis Villeneuve (Os Suspeitos, Incêndios)
Roteiro: Javier Gullón (Invasor)
Estrelando: Jake Gyllenhaal (O Abutre, Os Suspeitos), Mélanie Laurent (Truque de Mestre, Bastardos Inglórios), Sarah Gadon (O Espetacular Homem Aranha 2, Cosmópolis)



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