#33 Opinião - Os Miseráveis




                   Drama, Musical, Romance - 1 de Fevereiro de 2013
 
Tom Hooper (O Discurso do Rei)
Roteiro: William Nicholson, Alain Boublil, Claude-Michel, Harbert Kretzmer
Baseado na Obra de Victor Hugo




"Um belíssimo musical da Broadway adaptado para o Cinema."








O longa dirigido por Tom Hooper (O Discurso do Rei) é daqueles filmes que a única crítica provém de fatores técnicos que só interessam, sinceramente, aos que vão mais fundo na análise do cinema, além é claro de adentrar no desafiador campo do musical, que fazem muitos passarem direto por um longa desse gênero.

A história baseada no livro de Victor Hugo e o estilo baseado no musical da Broadway são interessantes para um público que está sabendo da constante musicalidade (de muita qualidade, diga-se de passagem), mas que para modelos cinematográficos foi um tanto exagerada, deixando algumas cenas musicais bem abaixo do padrão das grandes canções como "I Dreamed a Dream" cantada num dos picos emocionais de "Os Miseráveis" pela Fantini de Anne Hathaway (O Cavaleiro das Trevas Ressurge).

Outro detalhe são os cenários esquecidos pela câmera, que apenas no princípio e o no final do longa fazem questão de apresentá-los ao público com o porto, o precipício e a barricada gigante, mas durante todo o filme a direção pareceu se importar unicamente com o rosto dos atores, exibindo muito pouco o belo cenário de uma escadaria quando Fantini vaga pela cidade a procura de dinheiro após ter sido demitida da fábrica em que trabalhava e deixando de explorar vários outros que existem apenas como um plano de fundo embaçado atrás do personagem em destaque.

A musicalidade excessiva, a escolha de muitos e exagerados closes e uma sutil discrepância no ritmo do filme quando surge o casal Thérnardier - o que não tira méritos dos atores Sacha Baron Cohen ('Borat' e 'O Ditador') e Helena Carter ('Harry Potter' e 'Clube da Luta') - podem ser esses detalhes cinematográficos que mencionei, mas o enredo prende, as músicas e os seus cantores/atores impressionam e seus personagens são, ainda, cativantes. 

Destaque para a atriz Samantha Barks como Eponine, dividida entre o amor por Marius (Eddie Redmayne) e a consciência de que ele só tem olhos para a apagada Cosette de Amanda Seyfried ('A Garota da Capa Vermelha') talvez ela, Eponine, seja o personagem que compete em profundidade com o Jean Valjean de Hugh Jackman e o Javert de Hussel Crowe ('The Man With the Iron Fists' e 'Robin Hood').

Enfim, o musical de Tom Hooper é melhor pelo próprio conteúdo da obra original de Victor Hugo, do musical da Broadway, e pelos atores (que foram bastante exigidos) do que pelas características mais próprias do Cinema, vale o ingresso, vale a indicação ao Oscar, talvez só não valha um prêmio de melhor filme.

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